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FOI MESMO UM GALO QUE CANTOU?

Shalom amigos! Nesse post vamos falar sobre o episódio em que Pedro nega Jesus. Foi realmente um galo que cantou quando Pedro negou Jesus? Aprenda uma nova perspectiva sobre esse episodio!!! Vem comigo

FOI MESMO UM GALO QUE CANTOU QUANDO PEDRO NEGOU JESUS?

Essa passagem bíblica é um clássico da literatura crista, mas precisamos entender de fato o que realmente esta escrito na citação bíblica!

Ora, Pedro estava assentado fora, no pátio; e, aproximando-se dele uma criada, disse: Tu também estavas com Jesus, o galileu.
Mas ele negou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes.
E, saindo para o vestíbulo, outra criada o viu, e disse aos que ali estavam: Este também estava com Jesus, o Nazareno.
E ele negou outra vez com juramento: Não conheço tal homem.
E, daí a pouco, aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Verdadeiramente também tu és deles, pois a tua fala te denuncia.
Então começou ele a praguejar e a jurar, dizendo: Não conheço esse homem. E imediatamente o galo cantou.
E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus, que lhe dissera: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente. Mateus 26:69-75

FOI MESMO UM GALO QUE CANTOU QUANDO PEDRO NEGOU JESUS?

Havia um galinheiro em Jerusalém? Que galo cantou quando Pedro negou Jesus? E verdade que o talmud proíbe galos em Jerusalém?

Todas essas perguntas iremos responder abaixo:

É normal e  aceito com toda naturalidade que o canto do galo”,  referido por Jesus quando falou antecipadamente que Pedro o trairia, era realmente o cantar de um galo, uma ave. No entanto, pode perfeitamente ser que o canto do galo não fosse o canto de uma ave; e desde o começo não pretende significar isso.

 



Acima de tudo, a casa do Sumo Sacerdote estava no centro de Jerusalém. E, certamente, não haveria um galinheiro no centro da cidade. De fato, havia uma regra na lei judaica que era ilegal ter galos e galinhas nas cidades santas por questões higiênicas. Jerusalém era tida como uma cidade santa e as galinhas sujariam a cidade. De acordo com o Baba Qama 7.7 era proibido:

“criar galinhas em Jerusalém por causa das coisas santas”.

 

casa de caifas

 

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Por isso, havia uma ordem rabínica seguida à risca pela população: essa ordem era contra qualquer criação ou manutenção de galos ou galinhas dentro das muralhas da cidade, visto que eles, além de fazerem suas necessidades físicas em qualquer lugar, também ciscavam procurando pequenos bichos para se alimentarem, produzindo então, coisas impuras, violando assim, a lei da pureza em Israel, que era de extrema importância para eles.

A LEI JUDAICA

O que a Mishná, em sua divisão Nezikin (“Danos”), e no tratado Baba Kama 7.7 nos diz sobre aves e outros tipos de animais:

  1.  Eles não podem criar gado miúdo na Terra de Israel, mas eles podem criá-los na Síria ou nos desertos que existem na Terra de Israel
  2.  Eles não podem criar galos em Jerusalém por causa das Coisas Santas, nem os sacerdotes podem criá-los [em qualquer lugar] na Terra de Israel por causa de [as leis concernentes a] alimentos puros.
  3.  Ninguém pode criar porco em qualquer lugar
  4. Um homem não pode criar um cão a menos que seja mantido ligado por uma corrente.
  5. Eles não podem criar armadilhas para os pombos a menos que seja de trinta ris (6436 metros), de um lugar habitado.

[DANBY, Herbert. The Mishnah. [Translated from the Hebrew with Introduction and Brief Explanatory Notes]. Oxford, Oxford University Press, 1933, p.342.]

EXPLICAÇÕES DE DANBY

Danby ainda traz quatro notas explicativas sobre algumas partes deste texto, sendo a segunda nota a mais relevante para o nosso estudo. Eis as notas:

  1. A proibição quanto à criação de “gado miúdo” ocorre porque eles prejudicam os campos semeados.
  2. A proibição sobre a criação de “galos” existe porque eles são suscetíveis a escolher uma massa de lentilha de alguma coisa rastejante morta, transmitindo, assim, a impureza para as casas (ao voltarem para lá, pois são galos domésticos).
  3.  A palavra “ninguém”, na expressão “ninguém pode criar porco em qualquer lugar”, aparece em alguns textos como “nenhum israelita”.
  4.  Por fim, a expressão “trinta ris” equivale à distância de quatro milhas (6.436 metros). Op.Cit., p.342).

Mas, então se não se podia criar ou manter vivo galos e galinhas dentro dos portões da cidade, especialmente no centro, na casa do Sumo Sacerdote em especial, de onde apareceu esse galo para cantar? Era realmente uma ave ou esse termo “o cantar do galo” poderia se referir a alguma outra coisa que não fosse uma ave?

AS QUATRO VIGÍLIAS DA NOITE DOS ROMANOS

Muitos cometem equívocos porque não conhecem a cultura, o cotidiano, o dia a dia da população judaica e romana dos tempos bíblicos; e, por causa disso, não conseguem captar o que o texto realmente quis dizer na sua origem. O que o texto quer dizer com canto do galo?

O segredo todo está na forma em que os romanos dividiam a noite. Esta era dividida em quatro vigílias de aproximadamente 3 horas cada uma:

  1. Prima vigília ou primum gallicinium: do pôr do sol até às 9 horas, também chamado de vigília do entardecer.
  2. Secunda vigília ou secundum gallicinium: das 9 horas à meia-noite, chamada de vigília da meia-noite.
  3.  Tertia vigília outertium gallicinium: de zero hora às 3 horas,também conhecida como vigília do canto do galo.
  4.  Quarta vigília ou quartus gallicinium: das três até a aurora, chamada de vigília do amanhecer.

Essas quatros vigílias determinavam o período das três horas do serviço da guarda romana.

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AS 3 VIGÍLIAS DA NOITE DOS ISRAELITAS

Os judeus inicialmente dividiam a noite em três vigílias:

1: primeira, “princípios das vigílias”  ia desde o sol posto até às 10 horas da noite

Levante-se, grite no meio da noite,
quando começam as vigílias noturnas;
derrame o seu coração como água
na presença do Senhor.
Levante para ele as mãos
em favor da vida de seus filhos,
que desmaiam de fome
nas esquinas de todas as ruas. Lamentações 2:19

 

2: segunda, a “vigília média” ou da “meia-noite” principiava às 10 horas da noite e prolongava-se até às duas horas da madrugada;

Gideão e os cem homens que o acompanhavam chegaram aos postos avançados do acampamento pouco depois da meia-noite, assim que foram trocadas as sentinelas. Então tocaram as suas trombetas e quebraram os jarros que tinham nas mãos; Juízes 7:19

3: e, a terceira, a  “vigília da manhã”, desde as duas horas da até ao nascer do sol.

E sucedeu que ao outro dia Saul pôs o povo em três companhias, e vieram ao meio do arraial pela vigília da manhã, e feriram aos amonitas até que o dia aqueceu; e sucedeu que os restantes se espalharam, de modo que não ficaram dois deles juntos. 1 Samuel 11:11

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AS VIGÍLIAS DOS JUDEUS NO TEMPO DE JESUS

No entanto, em tempos posteriores, na época do império romano a noite passou a ser dividida, segundo o costume dos romanos, em quatro vigílias (desde as 6 horas da tarde às 6 horas da manhã), de três horas cada uma:

Mas, à quarta vigília da noite, dirigiu-se Jesus para eles, andando por cima do mar. Mateus 14:25

E, se vier na segunda vigília, e se vier na terceira vigília, e os achar assim, bem-aventurados são os tais servos.Lucas 12:38

O texto abaixo trás uma explicação plena das 4 vigílias:

 Vigiai. Pois, porque não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã; para que, vindo ele inesperadamente, não vos ache dormindo. O que, porém, vos digo, digo a todos: vigiai! Marcos 13.35-37.

Os judeus com frequência usavam uma forma abreviada quando se referiam a essas vigílias da noite. “Tarde” era uma expressão com a qual se referiam ao fim da vigília, ou seja, as vinte uma horas. “Meia-noite” indicava o fim da segunda vigília. Você observou? “Cantar do galo” era o termo usado por eles para o fim da terceira vigília, ou seja, três horas da madrugada. E “pela manhã” o modo como se referiam ao fim da quarta vigília, ou seja, às seis horas da manhã.

O CANTO DO GALO

O que isso tudo tem a ver com a história de Pedro? É que o canto do galo era a expressão usada naquela época no império romano para se referir ao toque do trombeta tocada pelo soldado romano, avisando a todos o final da terceira vigília da noite, ou seja, três horas da manhã. No primeiro século, assim em Jerusalém como em todas as cidades importantes denominadas pelo império romano, esse toque da trombeta era conhecido como “canto do galo”.

O final de cada vigília e o início da próxima era assinalado por um toque de trombeta. Assim, da mesma forma como nas vigílias anteriores, ao final da terceira vigília um sinal era dado pelos guardas romanos e ocorria a troca da guarda. Esse soar da trombeta às três horas da manhã era chamado em latim “gallicinium” e de “alektorophonia” em grego e ambos significavam em português “o canto do galo”. Essa expressão romana adveio do fato de que os galos normalmente cantam de madrugada, embora não haja horário previsto para as aves o fazerem.

 

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GALLICINIUM

Portanto, se isso realmente foi dessa forma, Jesus estava identificando a hora exata da última negação de Pedro: segundos antes das três horas manhãs, quando ocorria o gallicinium. Se fosse um galo ave, não haveria um tempo específico para o cumprimento da palavra de Jesus, pois os galos são imprevisíveis e cantam inúmeras vezes na madrugada.

Mas, lembremo-nos que era proibido ter galos ou galinhas dentro dos muros da cidade. Na verdade, não era um sinal que seria dado por uma ave, seria um sinal militar, uma trombeta, que demoliria o coração e a alma de Pedro. Não seria o canto de um galo qualquer, cujo barulho não se nota ao longe, mas a trombeta do soldado que ecoaria a negação de Pedro por toda a cidade, como que anunciando a triste e grande covardia operada pelo apóstolo.

Todos em Jerusalém sabiam do toque da troca de guarda às 3 três horas da manhã no castelo de Antônia e conheciam que o toque da trombeta era chamado de “canto do galo”. Jesus não falara de um corriqueiro canto de um galo no fundo do quintal da casa da Anás e de Caifás, mas do barulho ensurdecedor da trombeta que se espalhava por toda Jerusalém, soando forte nos ouvidos de Pedro, balançando sua alma, fazendo com que chorasse copiosamente por ter negado a Jesus.

 

EXPLICANDO A FUNDO A NARRAÇÃO DE MARCOS

Como explicar o fato, então, do evangelista Marcos narrar a predição de Jesus de uma forma mais específica que os demais evangelistas?

E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás. Marcos 14:30

PRIMEITA TESE

O que acontecia é que durante os tempos festivos, devido ao grande número de pessoas na cidade de Jerusalém a trombeta era com frequência tocada duas vezes, primeiro em uma direção e depois de alguns minutos em outra direção. Como era época da Páscoa, a trombeta tocou duas vezes. Isso nos assegura que a terceira negativa de Pedro aconteceu imediatamente segundos antes das 3 horas da madrugada.

SEGUNDA TESE

Outra explicação é dada pelo historiador Plínio que afirma o seguinte: o toque da trombeta da meia-noite era conhecido como o “primeiro cantar do galo; o toque das três horas da manhã era conhecido como o “segundo cantar do galo”. Desta forma, Plínio sugere que a primeira negação teria acontecido momentos antes da meia-noite e a última negação de Pedro exatamente segundos antes das três horas da madrugada. A segunda negação teria ocorrido no espaço entre a meia-noite e às três horas da manhã, o que é também uma explicação extremamente viável para o acontecido.

CONCLUSÃO

É extremamente importante termos o conhecimento que as narrativas bíblicas foram escritas para um povo específico em uma data específica, quando temos isso na nossa mente, fica mais fácil compreendermos a profundidade bíblica e o que o autor realmente deseja passas com suas escritas.

Não deixe de avaliar, comentar e compartilhar esse estudo!

Até a próxima, amigos!

JES

É importante você saber, que as letras hebraicas e o idioma hebraico, contribuem para uma melhor interpretação de textos da bíblia e das histórias da cultura judaica. Acima, apresentamos alguns desses pontos e espero ter contribuído de alguma forma para o seu conhecimento!

 

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